Em depoimento no Supremo, Mauro Cid confirma que Jair Bolsonaro leu minuta de golpe e fez alterações 5z213m

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Ex-ajudante de ordem foi o primeiro a depor 5w3963

O ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, à época candidato à reeleição, Mauro Cid presta depoimento, neste exato momento, ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes faz as auscultas que tem transmissão ao vivo nesta segunda (9).

Durante deposição, Cid pontou que ele “presenciou grande parte dos fatos, mas não participou deles”. Ele também afirmou que Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações em uma minuta golpista elaborada por assessores.

“Em termos de data, não me lembro bem. Foram duas, no máximo três reuniões em que esse documento foi apresentado ao presidente”, disse Cid, acrescentando que a minuta era dividida em duas partes: “A primeira parte eram os ‘considerandos’ — cerca de 10 páginas, muito robustas. Essa parte listava possíveis interferências do STF e do TSE no governo Bolsonaro e no processo eleitoral.”

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“Sim [Jair Bolsonaro] recebeu [o texto] e leu. Ele enxugou o documento. Basicamente, retirando as autoridades das prisões, somente o senhor [Moraes] ficaria como preso. O resto, não”, pontuou Mauro Cid.

Kids pretos – O tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, itiu nesta segunda-feira (9) que entregou uma caixa de vinho contendo dinheiro ao major Rafael de Oliveira. Segundo ele, a entrega foi feita a mando de Walter Souza Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.

O major Rafael de Oliveira integra o grupo conhecido como “kids pretos”, formado por militares das Forças Especiais do Exército.

Tanto Rafael de Oliveira quanto outros membros dos “kids pretos” são investigados por supostamente fazerem parte de uma organização armada que teria elaborado um plano para ass o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Essa conspiração recebeu o nome de “Punhal Verde e Amarelo”.

Durante o interrogatório, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, questionou Cid sobre a transferência dos valores ao grupo.
Em resposta, Cid reafirmou as informações já fornecidas anteriormente em seu acordo de colaboração premiada. Ele explicou que os recursos foram entregues a ele por Braga Netto e, posteriormente, reados ao major de Oliveira. O dinheiro estava acondicionado em uma caixa de vinho.
Cid afirmou que não sabia o valor exato que estava no recipiente, o qual foi entregue no Palácio da Alvorada ao militar do grupo “kids pretos”, atendendo a uma solicitação de Braga Netto.

“O espaço temporal eu não me recordo, o general Braga Netto trouxe uma quantia em dinheiro, que eu não sei precisar quanto foi. Mas com certeza não foi R$ 100 mil, até pelo volume, não era tanto, que foi ado para o major de Oliveira, no próprio Alvorada”, disse. “Fui eu que ei esse dinheiro. Eu recebi do general Braga Netto no Palácio da Alvorada. Estava em uma caixa de vinho, uma botelha, ai depois […] eu ei para o Major de Oliveira”, completou Cid.

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Já sobre os ex-ministros Paulo Sergio e Braga Netto, ambos da Defesa, eram, segundo o depoente, integrantes do grupo dos moderados. Enquanto os ex-ministros Augusto Heleno e Anderson Torres, e o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, não se enquadravam em nenhum grupo.

Mauro Cid é o primeiro a ser ouvido porque fechou uma delação premiada com a Polícia Federal. Os outros sete réus serão interrogados em ordem alfabética: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-chefe da Abin), Almir Garnier (ex-chefe da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro (ex-presidente), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).

Oitivas – O início das oitivas indica que o processo contra o principal grupo denunciado pela PGR caminha para o fim, podendo resultar na prisão dos réus.

A oitiva de Bolsonaro também marca a primeira vez que o ex-presidente ficará frente a frente com seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, desde que este fechou acordo de delação premiada com a Justiça. Cid foi peça central das revelações presentes na denúncia da PGR. Foi ele que confirmou aos investigadores que Bolsonaro convocou militares de alto escalão para discutir formas de reverter os resultados das eleições.
(Sputnik Brasil)

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